Fui ontem informada que não poderia protestar hoje! Que sou um nicho da geração e que não sirvo de exemplo para nada! Rais parta... Eu que nunca pensei protestar até fiquei com vontade, caramba! Detesto que me digam não faças isso...
Ora e por que raio não sou exemplo?! Porque tenho menos de 30 anos, porque não estou numa situação precária, porque até sou quadro efectivo a meia dúzia de km de casa, porque ganho mais de 500 euros (mas já ganhei isso, no início!), porque, só este ano, já recusei algumas propostas de trabalho e tenho emprego na área em que me formei... Aqui há uns tempos, um colega deu uma resposta muito boa a um colega meu de profissão que apresentou as mesmas queixas para comigo, mas, como a considero injusta, lembrei-me dela e fiquei caladinha... Preferi a sorte e respondi isso mesmo "sim, tive sorte!", até porque a inteligência não é para aqui chamada! (E nem falo do QI assim puro e simples: as nossas escolhas podem, ou não, revelar algo... pormenores!)
Irrita-me que me excluam porque sim. Este ano, quando reclamei das condições de trabalho de alguns colegas responderam-me "deverias calar-te. Estás efectiva e não passas pelo mesmo!" Ai a minha vidinha... Então e porque não passo pelo mesmo perco a minha capacidade crítica? Sou uma ovelinha, querem ver?!
Não protestarei... não o farei porque nunca foi algo que me vi fazer (como diz um amigo, quem me vê aposta um dedo como sou uma menina centrista empinada e não adivinha os ideais de esquerda que por aí se escondem), mas, sobretudo, porque, neste momento, por motivos pessoais, não posso fazer! O protesto, na minha opinião, vai mais além do que uma música que reclama pela falta de emprego para os licenciados... o protesto, na minha opinião, vai reflectir a desilusão que muitos sentem pelo país onde vivem, pelo país a que dedicaram uma vida! País esse que, mal gerido e sobretudo mal agradecido, agora lhes dá nada em troca! E não é bom conviver com isso... Ninguém gosta de receber indiferença ou até mesmo algo negativo de quem sempre recebeu tudo o que lhes podíamos dar!
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