Às vezes eu gostava de gostar das coisas que outras pessoas gostam e vibrar como elas com algumas coisas que a mim me parecem banalíssimas ou até parvas... Mas gostava, juro que sim! Só para me sentir um bocadinho mais normal... :(

Eu sou um bocadinho exigente com o respeito que devemos ter pela nossa língua! Há quem me chame a nazi da gramática, mas eu considero que é exagero... por exemplo, quando venho ao blogue, escrevo sem sequer reler, no entanto, se é algo mais formal, penso que devemos ter cuidado. Atualmente, deixei de corrigir quem quer que seja; as pessoas, mesmo dizendo que não e que agradecem, ficam aborrecidas; antes, corrigia apenas pessoas que eu considero que deveriam saber, pessoas com um curso superior ou com um notório bom conhecimento de língua. A correção (penso eu) era delicada e nunca pública: imaginem um blogue ou um facebook: enviava por mensagem privada, dizendo algo como "desculpa o reparo mas blablabla" ou "tenho quase a certeza que foi sem intenção mas blablabla". E não o fazia a toda a gente porquê? Porque considerava que os outros podiam pensar que eu tenho a mania que sou melhor e eu julgava precisamente o contrário.

Enfim, este intróito para dizer o quê? Há uns anos, alguém, seguramente mais sensato do que eu, disse-me que eu só o fazia assim porque eu própria me julgava melhor do que os outros... ao considerar que havia quem "não fosse digno" dos meus reparos, eu estava a colocar-me num patamar superior... Isto fez-me pensar e abandonar a minha postura. Hoje em dia sou QUASE incapaz de criticar ou gozar quem quer que seja (estou tão curada que nem o Jorge Jesus eu gozo!).

E uma vez mais, isto tudo para dizer o quê? Que, por vezes, as pessoas que têm atitudes que nos parecem de superiores não o fazem propositadamente; há algumas que os fazem como mecanismo de defesa, por exemplo. É certo que podem ser irritantes, mas tenho a certeza que também estarão cheias de qualidades... Raios! Eu estou cheia de defeitos, como posso exigir que alguém seja perfeito?! Como é que posso exigir que os outros sejam melhores do que eu?! Quem sou eu para o fazer?!

Continuo na onda do mau feitio...

Também me irritam as pseudo gordas... A sério! Não há cu que aguente! Ai que eu estou tão gorda... já viste como eu agora já peso 50kg?! Ai que horror... o 32 já não me serve! A sério... Estou farta desta gente! E nem é por pesar bem mais do que elas, a sério que não, sempre foi assim, já estou habituada, é mesmo porque não têm mais conversa. Há dias perguntei ao gajo de que conversavam eles nos balneários do ginásio; resposta: nada, gajas ou comida!!! Parece-me bem, parece-me sensato.... até já pedi para ir para lá tomar banho, mas ele não gostou! Humpf

Infelizmente, também tenho amigas assim, por isso, o meu calvário não é só no ginásio...

Portanto, depois de um desabafo com o gajo (os gajos são muito práticos!!!) estou seriamente a começar a pensar em seguir os seus conselhos e responder coisas como "pois estás! Credo... ainda há roupa que te sirva?!" ou "realmente... tens de largar as bolachas e os chocolates, qualquer dia ninguém te conhece" e quando elas me disserem "tu já te viste ao espelho?!" a minha teoria seria dizer qualquer coisa como "não me estou a queixar, pois não?!" a do gajo será eu responder qualquer coisa como "eu tenho mamas, não me preocupo com essas merdas!".

Faz-me um bocadinho de impressão aquelas pessoas que têm uma necessidade constante de dizer que estão tão felizes e que são as mais felizes e que a vida delas é a melhor e que o/a namorado/a delas é a melhor and so on... Não sei... faz-me espécie! Fico sempre a pensar que estão a ocultar qualquer coisa... Eu sei, eu sei... sou eu que tenho uma vida triste e desconfio sempre da felicidade alheia...

Eça  de  Queirós  escreveu  em  1872 "Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a  mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal"
(in As Farpas)

Sinto-me uma espécie de ET alienada da sociedade... penso de forma distinta e gostava que a "minha" pessoa pensasse como eu... mas não! Estou isolada e cansada... e triste... hoje estou mais triste do que cansada! :(